terça-feira, 27 de setembro de 2011

Blogagem Coletiva: #mulhernapublicidade

Atendendo ao convite da amiga Silvia Azevedo, dou minha contribuição, como mulher e profissional que já esteve do outro lado, com formação e experiência profissional em publicidade e marketing. Conforme foi muito bem lembrado, homens são maioria nos departamentos de criação de agências. Não é em todas as agências que isso ocorre, mas é quase regra essa situação. Curiosamente, em contraponto, nos departamentos de marketing das empresas, mulheres cada vez mais são presentes. Existe, portanto, um claro ruído de comunicação, entre empresa e agência e entre empresa e suas clientes.


Normalmente, a publicidade somente retrata a sociedade em que vivemos, transformando isso em apelo de vendas. Se a imagem da mulher é estereotipada, isso vai servir de gancho em anúncios e ações de marketing, com o equívoco de achar que com isso o público alvo está sendo atingido. A mídia reforça essa imagem estereotipada e tudo isso vira um ciclo. O resultado? Ações e anúncios completamente "sem noção", que não retratam a mulher real, que trabalha, cuida dos seus filhos (ou opta por não tê-los), se cuida, sem neuroses ou exageros, vota, se engaja nas causas que acredita, aceita suas marcas como parte de sua história e que conquistou muito até hoje para ser encaixada em perfis pré-determinados de consumo, que acabam se tornando referências quiméricas.

Eu, como mulher, gostaria muito que as propagandas a mim direcionadas me retratassem como sou, não apenas uma parte de mim, ou uma pessoa que sequer tem a ver comigo. Que não me fizessem promessas disso ou daquilo, que não quisessem me tranformar no que não sou. Não sou modelo. Gosto de cuidar da minha casa, mas não sou Amélia. Não sou mãe em 100% do meu tempo. Não sou "cachorra". Não acho que devo me comportar como um homem para me impor.

Tantos "nãos" poderiam servir de base para pesquisas em prol de uma propaganda mais real, mais bem direcionada, que provavelmente atingiria melhor seu objetivo. Isso não está nas mãos das equipes de criação, mas nas nossas. Desconstruindo estereótipos em nosso dia a dia, assumindo que não somos perfeitas, nem temos a obrigação de ser. Nos valorizando, como mulheres e como cidadãs. E não consumindo!!! Nada que vá contra a nossa natureza, que induza a uma qualidade de vida inferior em prol de mero comodismo, que nos retrate de forma desrespeitosa ou inadequada. Está em nossas mãos, somos ativas na economia, somos formadoras de opinião.
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