segunda-feira, 24 de junho de 2013

Série Manifestações - Post 3 - E agora? #protestomaterno

Esta série de posts faz parte da blogagem coletiva #protestomaterno.  Veja quem participou em nossa fanpage.

Este é o último post de uma série que comecei a escrever no início das manifestações. É uma conclusão que se fazia necessária. Porque, vamos combinar, "já deu"... Não há mais sentido em fazer uma manifestação por dia. As passagens baixaram, a apreciação da PEC 37 foi adiada e, aos poucos, seja por medo, seja para "aparecer bem na foto", governantes se abrem ao diálogo. Isso não é pouco.

Não creio que estejamos sem foco, como muitos afirmam. Estamos é de "saco cheio". As últimas semanas serviram como catarse, desabafo. Agora é hora de sentarmos, vermos nossas prioridades e estabelecermos uma agenda. Eu já disse isso, no post anterior, antes até de aparecerem as primeiras conquistas. Precisamos, acima de tudo, ter em mente duas coisas: que não existe um salvador da pátria, seja quem for. E que temos que ser cuidadosos com as informações que repassamos, pois essas podem ser usadas contra nós, para nos manipular e controlar pelo medo. Não podemos deixar oportunistas se aproveitarem desse momento.

"Muitos parecem estar perdidos por não serem capazes de enxergar todo o cenário. Concentrados na manifestação, deixam de ver a situação. Décadas de controle social, de publicidade corporativa e de fabricação de consentimento público anestesiaram as pessoas, tirando delas a percepção de que cada um pode ser agente de mudança. Na ressaca das conquistas há uma sensação natural de desorientação. Conseguiu-se os tais vinte centavos, até em lugares onde eles não foram pedidos, mas isso é --como sempre pareceu-- muito pouco. O que fazer, então?"

Luli Radfahrer, designer e professor de Comunicação Digital da ECA/USP, pergunta se voltaremos às redes sociais, após tomar as ruas, em excelente artigo, hoje, na Folha.

Uma coisa não exclui a outra. As redes sociais provaram ter grande poder mobilizador em pouco espaço de tempo, convocando de uma só vez milhares de pessoas. Além disso, é ferramenta de informação, já que o que é transmitido pela mídia convencional é diretamente proporcional a seus interesses e de seus patrocinadores. Mas, essa mesma informação, antes de ser passada à diante, tem que ser checada. E por quem? Por quem tem melhor formação cultural e discernimento.

Nosso país, de poucos leitores, é, em sua maioria, composto por pessoas de nível cultural e educacional baixo. É notório que um trabalho sério de educação tem que ser feito. Aos que tiveram oportunidade ou interesse de ir além, de se informarem e de serem formadores de opinião, cabe a responsabilidade de passar informações corretas, de não espalhar boatos inúteis ou acirrar ânimos e preconceitos.

Se nos anos de chumbo tínhamos que pegar em armas e ir para as ruas, hoje a informação é a nossa arma. Um povo bem informado é um povo que cobra, que sabe seus direitos e deveres. Temos muito a trabalhar nesse sentido mas, felizmente, também temos muitas pessoas dispostas a isso.

Estávamos há algumas gerações sem saber o que era ir para as ruas, lutar pelo que é nosso, expressar nossas insatisfações, ter a sensação de que o país está em nossas mãos, não somente nas mãos de poucos que fazem o que bem entendem. Já fizemos isso. Agora, é hora de sair das ruas. Todo bom estrategista tem que saber a hora de recuar para avaliar as demandas. Se necessário, voltaremos às ruas! É uma situação sem volta. Não podemos nos acomodar e deixar passar a oportunidade de mudar nossa história. Mas temos que fazer dentro da lei e da ordem. Nada de energia gasta sem necessidade, nada de dar a oportunistas a chance de se apropriarem de tudo que conquistamos.

Leia os posts anteriores: Post 1 e Post 2.
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