quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

As gordas, as xiitas e as macacas

Carlos Cardoso
Hoje aconteceu daqueles episódios que acabam tomando proporções inesperadas e um simples comentário dá origem a um evento épico. Fernando Gouveia, advogado e blogueiro (Gravataí Merengue) postou em seu Facebook mencionando o fato das gordinhas se doerem com os comentários a respeito do sobrepeso da Ellen Roche e, ao mesmo tempo, mostrarem preferência por homens bonitos, sarados e com barriga de tanquinho. Para ser sincera, eu nem concordei tanto assim com a afirmação... Não vejo problema algum na preferência das gordas, gordinhas, avantajadas, cheinhas, seja como for que as chame. Mas não é que foi justamente a nomenclatura em relação às mulheres que se encontram acima do peso que deu polêmica?

http://migre.me/deOyJ

E foi uma polêmica que poderia ter se tornado uma produtiva discussão, não fosse o radicalismo de certa figura (moça), que reagiu de forma feroz, praticamente babando no teclado. Primeiro reclamando que ele havia chamado as gordas de gordas. Oi? Como ela gostaria que ele tivesse chamado??? Magras, esbeltas, raquíticas??? Pior ainda que nem gorda a pessoa é, mas se diz defensora das mesmas o.O.

Antes de prosseguir (para evitar mimimi) quero deixar claro que não tenho absolutamente nada contra quem está acima do peso. Nem poderia, pois eu mesma, neste momento, me encontro nessa condição. A diferença é que não me faço de coitada por isso, vivo a minha vida normalmente (e intensamente) tendo a consciência de que não é uma opção saudável. Não é o normal do ser humano. Já falei sobre isso aqui e ainda continuo com minha meta de perder peso sem sacrificar minha saúde e meu prazer. É claro que essa forma é mais lenta e gradativa, mas também é a que mais funciona a longo prazo. Apesar disso, não desabona ninguém ser gordo (a). O único prejuízo, como disse, é à qualidade de vida.

http://migre.me/deOx4

No afã de protestar e mostrar que tem razão a todo custo, meteu os pés pelas mãos. O que se seguiu seria cômico (e foi, eu ri muito, de passar mal), não fosse trágico ver uma figura tão amarga e se depreciando tanto, apesar de dizer o contrário, que se valorizava, que lutava pelos direitos das mulheres. Ela conseguiu incluir, em tom panfletário, seu desprezo ao Carnaval, às jornalistas que, segundo ela, têm que praticamente se prostituir para exercer a profissão, a desigualdade salarial entre os sexos, as injustiças sociais e ainda citou um documentário que mostra que "a mulher foi colocada na latrina". Tenho minhas desconfianças de que ela faça parte de algum grupo como o Femen, que invadiu o Vaticano recentemente, por ocasião da renúncia do Papa Bento XVI e que envergonha as feministas de fato, que têm consciência do seus direitos e do seu papel no mundo sem precisar com isso agredir ninguém, tampouco envergonhar nossas antepassadas que lutaram muito para que hoje tenhamos o que é nosso minimamente garantido. Argumentei até certo ponto com respeito, depois foi ladeira abaixo e acabou em pastelão. Não dá para levar a sério esse tipo de pessoa e meu tempo custa caro para perder. Por fim, disse que não perco meu tempo discutindo com xiita. Sim, em referência àqueles radicais islâmicos que arrastam a cara do profeta Maomé no chão, tamanho o seu radicalismo e sua ignorância.

E a mulher me sai com essa: "Xiita você quis dizer o que? Você me chamou de macaca em público?"

Google

Mais vergonha alheia impossível, na boa. Ela entendeu que eu a chamei de Macaca Chita!!! Depois, ainda se confundiu novamente, dizendo que a tinham chamado de fascista. É muito recalque!!!! Isso porque é muito bem informada e sabe o que diz #not. Se ela realmente fosse uma macaca, em vez de um ser humano, talvez fosse mais equilibrada e bem humorada, característica da espécie, à qual muito admiro, por sua inteligência e capacidade de adaptação.

Macaca Xiita. Imagem: Mariana Bonfim

A frase teve repercussão em blogs de humor e nas redes sociais, tamanho o absurdo... Óbvio que não vou expor desnecessariamente a moça em questão. Quem me segue no Facebook presenciou na timeline o episódio e, sinceramente, ela já se encarregou de se expor ao cubo, não precisa de mim para isso.

Essa é a diferença entre politicamente correto, coerência de princípios e histeria/síndrome de vítima. No primeiro e no último caso, tudo é levado a ferro e fogo e nada passa ao críticos de plantão. Já quando se age em coerência protesta-se, mas com argumentos sólidos.

Tenho três meninos que são criados dentro dos princípios baseados, acima de tudo, no respeito. Nunca coloquei a mim ou qualquer outra mulher como vítima de nada, nem como sexo frágil. Tampouco como superior. O segundo post mais acessado deste blog disserta justamente sobre a violência contra a mulher. Nossas antepassadas tanto lutaram para chegarmos a esse ponto. Naquela época, radicalismos até eram necessários. Hoje não. Hoje buscamos justamente o equilíbrio e a complementação entre os gêneros, que não são somente dois. A sociedade, aos poucos, evolui. Pena que alguns membros dessa sociedade insistam em comportamentos equivocados, que colocam em cheque tudo o que se conquistou.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...