segunda-feira, 9 de julho de 2012

TDAH, a droga da obediência e os rótulos

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Há alguns dias, no blog Conteúdo Livre, um artigo do Estado de Minas, ""Droga da obediência" prestes a se tornar epidemia" chamou minha atenção e hoje, pelo Facebook, a discussão sobre o uso indiscriminado de medicação para transtornos de comportamento infantil voltou à tona. “O que estão fazendo com as nossas crianças? Como estão sendo diagnosticados esses pacientes? E os remédios, como estão sendo prescritos? É algo que está sendo dado para a ansiedade dos pais, dos educadores e dos psiquiatras para responder às inquietações dos meninos. Alguém está preocupado com isso?” são perguntas feitas no artigo e que muito intrigam e angustiam pais e mães que passam por suspeitas ou diagnósticos de fato.


Como mãe e como pessoa que procura estar bem informada antes de tomar uma decisão, vejo com muita reserva essa prescrição rápida de medicamentos para crianças diagnosticadas com TDAH e outros transtornos semelhantes ou complementares a esse. Eu sofro desse problema e digo que não é fácil manter-se focado e organizar-se. Mas não faço uso de nenhum medicamento. Isso demanda algum sofrimento para me adaptar, mas prefiro isso a ficar dependente química. No caso de crianças, isso tem que ser pensado e repensado. Tem que pesar os prós e contras. Benefícios reais versus consequências a médio e longo prazo. Temos que ver alternativas antes de chegar ao medicamento. E, se ele for inevitável, como vamos fazer para a criança não ficar dependente dele.


Outro problema é que existe um excesso de diagnósticos, muitas vezes feitos por profissionais não qualificados para identificar na criança características específicas que os justifiquem. As escolas, quando não conseguem lidar com crianças fora do padrão de comportamento que julgam adequado, são as primeiras a rotular. Começa com um chamado, reunião com coordenadores pedagógicos até a taxação efetiva: seu filho tem o transtorno e é preciso tratá-lo. Isso antes da criança passar por qualquer avaliação médica, baseados apenas em comportamentos pontuais, que podem ser desde tédio com o sistema de aula até outra coisa totalmente diferente (e mais séria até). A blogueira e artesã Lu Brasil relata isso aqui e eu também passei por isso, com meu filho mais velho, quando ele tinha quatro anos e estava no Jardim II. Estava numa fase muito rebelde, não obedecia prontamente (fase essa que durou, por sinal, alguns anos). Mas, nesse caso, ele não se interessava por algumas atividades ou simplesmente preferia ficar sozinho no canto da leitura folheando livros. Foi o bastante para me chamarem e dizerem: "Olha, seu filho tem ou altismo ou TDAH. Vamos indicar profissionais para tratá-lo". Recusei imediatamente a indicação, levamos à neuropediatra, depois ele fez um tempo de terapia e chegamos à conclusão de que elas estavam totalmente enganadas.

É fácil rotular e dar um remedinho, em vez de resolver de fato a situação. É mais cômodo, para pais e para a escola. Poupa tempo de todos, a criança obedece e fica tudo certo. Não, não fica!!!! Na verdade pode-se piorar o problema, jogando-o para baixo do tapete. Ou criando um problema que simplesmente não existe.


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